"Há capacidade para mais ensino superior e há pouca gente a lá chegar"
Situações que obrigam a lançar a questão: há universidades e ensino superior a mais ? "Não. Para as condições existentes em Portugal deveria haver mais estudantes no ensino superior e mais licenciados no mercado de trabalho", afirmou perentoriamente João Redondo, no debate promovido pelo DN.
Para o presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP), e vice-presidente da Fundação Minerva, entidade instituidora da Universidade Lusíada, "há capacidade instalada para muito mais ensino superior e há muito pouca gente a lá chegar".
João Redondo considerou que o problema consiste na falta de um projeto comum, de organização e coordenação, entre as várias fases de ensino. E salientou: "Metade dos alunos do secundário ficam pelo caminho, dos outros só metade chega ao fim do secundário e desses só metade chega ao superior. A verdade é que a oferta instalada permite um desempenho muito melhor das instituições, mas para isso é preciso criar condições socioeconómicas para que os estudantes cheguem ao superior com qualidade na sua formação."
Na opinião do presidente da APESP, é uma ilação errada dizer que existe uma oferta excessiva de universidades privadas. "Há uma certa tendência para contar como universidade toda a instituição do ensino superior. Mas o que realmente existe é uma organização onde se encontra uma diversidade enorme de instituições com um curso, com o objetivo de desenvolver uma ou outra licenciatura, o que dá uma multiplicação de instituições e transmite a ideia errada de que há universidades privadas a mais. O ensino público organizou--se de outra forma, com dimensões maiores, concentrando mais áreas de ensino."
De acordo com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o número de de-sempregados com licenciatura já ultrapassou os 83 mil profissionais. E segundo o estudo "Empregabilidade e Ensino Superior em Portugal", da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, tem-se assistido a uma fuga de cérebros portugueses para o estrangeiro, onde já trabalham mais de 25 mil diplomados.
Situação que não assusta João Redondo, se tal for encarado como uma inevitabilidade da abertura do espaço europeu e como complemento de formação. "Temos é de nos preocupar em encontrar formas para que os estrangeiros também venham para cá."
Os cortes no orçamento para o ensino superior é questão desvalorizada pelo presidente da Apesp, tanto mais que as privadas estão habituadas a viver sem financiamento do Estado. Mas olhando para as "parceiras" públicas, João Redondo não considera que o corte possa colocar em causa a qualidade e a viabilidade das universidades. "Estou mais convencido de que tenha havido um sobreinvestimento no passado do que cortes no presente."